Blog Clara Nunes: Clara Nunes recebe homenagem de Mariene de Castro e Pedro Miranda

26 janeiro 2012

Clara Nunes recebe homenagem de Mariene de Castro e Pedro Miranda

"Um ser de luz assim que nos 'alumia' é luz de Deus em nossas vidas", diz Mariene, referindo-se à Clara Nunes Mariene de Castro e Pedro Miranda são os protagonistas do penúltimo show da série Contos de areia— 70 anos de Clara Nunes, que será apresentado nesta quinta e sexta, às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil. A cantora baiana, com três discos lançados e um DVD, tem participado de vários projetos em Salvador, entre os quais o Balé mulato, de Daniela Mercury. Ganhou alguns prêmios, como o Tim de Música de melhor disco regional pelo Abre caminho. Sambista que, como integrante do grupo Semente, deu importante contribuição para a revitalização da Lapa, Pedro Miranda há quatro anos partiu para carreira solo e lançou os CDs Coisa com coisa e Pimenteira; integrou o elenco de musicais como Sassaricando e é um dos criadores do bloco carnavalesco Cordão do Boitatá. No show em homenagem a Clara Nunes, ele vai cantar músicas gravadas pela cantora, como O último pau de arara (Venâncio, Corumba e J. Guimarães), Vendedor de caranguejo (Gordurinha), Sabiá (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), Como é grande e bonita a natureza (Sivuca e Glorinha Gadelha), e os sambas Pra esquecer (Noel Rosa) e Anjo moreno (Candeia). Mariene de Castro será intérprete de Um ser de luz (João Nogueira e Mauro Duarte), Conto de areia (Romildo e Toninho Nascimento), Juízo final (Nelson Cavaquinho), Guerreira (João Nogueira e Paulo César Pinheiro), É doce morrer no mar (Dorival Caymmi), Ijexão (Edil Pacheco) e Canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro). Juntos, os dois farão no bis Feira de Mangaio (Sivuca e Glorinha Gadelha) e Ê, baiana (Baianinho, Fabrício da Silva, Miguel Perácio e Ênio os Santos). Os ingressos já estão esgotados. Não recomendado para menores de 14 anos. Confira a entrevista que a cantora Mariene de Castro concedeu ao Correio. CB - Qual sua relação com o legado de Clara Nunes? Mariene - Esse jeito de cantar vestida de baiana fez o negro se orgulhar. Depois de tantos anos de escravidão, ela foi a primeira mulher a usar colares de conta no pescoço e dizer: “Se vocês querem saber quem eu sou, eu sou a tal mineira, filha de Angola, de Keto e nagô, não sou de brincadeira”. Isso é assumir todo negro que existia dentro do Brasil: alforriado, massacrado, esmagado, excluído. Essa saudade que Clara deixou no país tem relação com a mesma essência do que eu venho falando, do que eu sou, da minha história, do meu povo. Sendo agora uma baiana falando de si. Eu trago da Bahia toda a baianidade, no sentido da cultura, do botar torço na cabeça, de usar pulseiras, que vem da minha religião, de ser uma filha de santo, de ser adepta do candomblé, tudo isso está na minha vida. CB - Clara é referência para seu trabalho? Mariene - Entendi ao longo do tempo que nossos trabalhos falam da mesma essência, que têm o sentimento de quem ama e revela a cultura popular como uma filosofia de vida. A verdade da minha alma que canta através da história do meu povo. E isso Clara fez belamente. CB - De que forma? Mariene - Trazendo para o Brasil um país mergulhado na sua cultura, nas suas raízes. Clara se fez nordestina, baiana, filha de Santo, que cantou Roque Ferreira, Edil Pacheco. As coisas da minha terra com muita autenticidade. CB - Você conhece o trabalho do Pedro Miranda, com quem vai dividir o palco do CCBB? Mariene Conheço o trabalho dele há pouco tempo, mas fico feliz de ver pessoas jovens fazendo samba com tanto amor e emoção. Isso mostra a força desse Brasil que faz samba e que se renova na alma das pessoas que cultivam e guardam a nossa tradição. Fiquei muito feliz de ver no título do seu disco uma música do Roque Ferreira, que é um gênio da música brasileira nascido em Nazaré das Farinhas (Bahia). Ele é o compositor que escreve e desenha o meu repertório. CB - Que importância tem participar do projeto Contos de Areia -- 70 anos de Clara Nunes? Mariene - Me sinto muito feliz e honrada em participar desse projeto. Vejo como um presente de Deus, porque ele sempre escolhe a pessoas certas na hora certa. Meu repertório vai ser todo feito em homenagem a essa moça de que o Brasil sente imensa saudade. Foi uma felicidade e uma emoção muito grande receber o convite e poder cantar canções dela. Um ser de luz assim que nos "alumia" é luz de Deus em nossas vidas.

Um comentário:

Blogger disse...

DreamHost is the best website hosting provider for any hosting services you might need.