Blog Clara Nunes: janeiro 2008

29 janeiro 2008

Revista Veja

Leia o perfil que a revista Veja faz das novas cantoras da MPB.
A redescoberta recente do samba tradicional em redutos como a Lapa, no Rio de Janeiro, e também em casas de shows de São Paulo e Belo Horizonte fez com que Clara Nunes, depois de duas décadas de semi-ostracismo, se tornasse uma figura importante para diversas cantoras jovens. Clara, que morreu em 1983, exercitou sua voz possante entoando boleros no início da carreira, mas descobriu seu ambiente natural na peculiar mistura de alegria e tristeza que caracteriza o samba de raiz. A paulistana Mariana Aydar e a carioca Mariana Baltar são duas artistas que fazem questão de ressaltar a admiração por ela. O primeiro disco de Mariana Aydar, Kavita, foi um dos melhores lançamentos de MPB de 2006. Mariana Baltar era dançarina antes de se lançar como intérprete, há cerca de cinco anos. Ela foi uma das articuladoras da revitalização pela qual passou o bairro da Lapa nos últimos tempos. Seu CD de estréia, Uma Dama Também Quer Se Divertir, é uma bem-cuidada seleção de sambas raros, como Deixa Comigo, de Assis Valente, e Ralador, parceira de Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro.
A última grande vertente é a de Marisa Monte. Embora não tenha mais que vinte anos de carreira, ela é hoje uma figura dominante na música brasileira. "Não tenho dúvida de que Marisa inaugurou uma escola. A obsessão com a técnica e a maneira de compor o repertório são suas duas lições básicas", diz o produtor Marco Mazzola. As intérpretes atuais que melhor assimilaram essa proposta são Roberta Sá, Anna Luisa e Luísa Maita. As três estudaram canto antes de partir para a música popular. "O treinamento lírico me ajudou muito. Mas é preciso ter personalidade própria para cantar MPB", diz Roberta, uma cantora que está próxima do estrelato. Braseiro (2005), seu disco de estréia, mistura sambas tradicionais com criações de compositores contemporâneos como Pedro Luís e Marcelo Camelo. Uma das faixas, A Vizinha do Lado, de Dorival Caymmi, foi escolhida para fazer parte da trilha sonora da novela Celebridade, da Rede Globo. Seu novo disco é aguardado para a segunda metade de 2007.

21 janeiro 2008

Festival de Inverno em São João Del Rei-MG

CLARA NUNES – TRIBUTO A UM BRASIL MESTIÇO
Homenagem da Universidade Federal São João Del Rei-MG
JULHO 2008
Clara Nunes, ou melhor, Clara Francisca nasceu em 12 de agosto de 1942, em Cedro, distrito de Paraopeba, hoje, Caetanópolis, em Minas Gerais. Era a caçula entre sete irmãos. Seu pai, um violeiro, conhecido como Mané Serrador, exercia papel cultural importante na comunidade, sobretudo na organização da folia de reis. No ano de 1944, ficou órfã de pai e pouco depois de mãe, sendo criada por seus irmãos mais velhos, em especial, Maria Gonçalves da Silva e José Pereira Gonçalves. A partir dos dez anos de idade, ganhou alguns concursos de calouros em sua terra natal. Aos 14 anos, começou a trabalhar como tecelã, profissão que continuou a exercer quando se mudou para Belo Horizonte, em 1958. Nas quermesses do bairro onde morava na capital mineira, seu canto chamou a atenção do violonista Jadir Ambrósio, que se tornou uma espécie de seu primeiro “empresário”, passando a abrir-lhe espaços, principalmente, em programas de rádio. A partir de 1960, quando venceu a fase mineira do concurso “A Voz de Ouro ABC”, adquiriu projeção nas Gerais, assinando contrato com a Rádio Inconfidência, trabalhando em boates e chegando a ter, em 1963, um programa próprio na TV Itacolomy. Em 1965, Clara foi contratada pela Gravadora Odeon, o que a levou a se mudar para o Rio de Janeiro. “A Voz Adorável de Clara Nunes”, seu primeiro disco, foi lançado em 1966, dedicado principalmente a boleros. Em 1968, gravou “Você passa, eu acho graça”, música de Ataulpho Alves e Carlos Imperial, que deu título ao seu segundo disco e marcou sua presença no samba. No entanto, ainda assim, sua carreira não atingiu maior destaque.
O sucesso só chegou de fato a partir de 1971, quando, a convite da gravadora, passou a produzi-la o radialista Adelzon Alves. De formação socialista e apresentador de um programa na Rádio Globo, “O Amigo da Madrugada”, dedicado, principalmente, ao samba, ele condicionou a aceitação da proposta à total liberdade para dirigir a carreira de Clara. A partir daí, passou a conferir um real direcionamento, uma linha de atuação para a cantora. Não bastava, para ele, que ela gravasse sambas. Era preciso que construísse uma imagem de cantora ligada às raízes da cultura brasileira. Assim, não apenas ela passa a gravar músicas de diferentes gêneros dessa tradição, como sambas, frevos, forrós e jongos, mas sua forma de interpretação vai se modificando - se aproximando de um canto mais popular - e os arranjos também sofrem alterações, incorporando cada vez mais instrumentos de percussão. Adelzon produz seus discos de 1971, 1972, 1973 e 1974. O Lp “Claridade”, de 1975, que quebrou a marca de 500 mil cópias vendidas, foi produzido pelo violonista Hélio Delmiro, que trabalhara com Clara e Adelzon nos discos anteriores. Neste mesmo ano, Clara se casou com o poeta e compositor Paulo César Pinheiro, que passou, a partir de 1976, a produzir seus discos. A marca fundamental de sua carreira estava construída: a relação com os gêneros populares e a busca de ser uma “cantora popular brasileira”.A construção dessa carreira, no entanto, não se deu como algo externo, incorporado pela artista. Pelo contrário, essa proposta casava-se com sua vida. Vida de menina, no interior das Gerais, em pleno contato com as “forças da natureza” e com os folguedos populares. Vida de operária de fábrica, em sua cidade natal e em Belo Horizonte. Vida de amante das festas populares, fossem as quermesses do bairro da Renascença, o carnaval de BH - do qual foi Rainha em 1964 - ou a festa de Momo carioca, na qual brilhava com sua “Portela na Avenida”. Vida de pessoa profundamente religiosa, criada em família de tradição católica, convertida ao Kardecismo e que se orgulhava de fazer parte do povo de santo, fosse na umbanda ou no candomblé. Vida que perpassava o que cantava e como o fazia.
Sua performance não era apenas vocal, associava-se a uma forma de vestir-se e de comportar-se no palco e na vida, no meio artístico ou no universo popular que nunca deixou de freqüentar, na Portela, na Serrinha, em Caetanópolis ou em Angola.Nessa afirmação do popular, Clara identificou-se sobremaneira com o universo afro-brasileiro. Ao entoar “Ê Baiana”, em 1971, evocou a Bahia e suas negras de tabuleiro como símbolos da nacionalidade, afirmando, no mesmo LP, sua vinculação com o continente africano em “Misticismo da África ao Brasil”. Vestiu-se de branco e usou as guias de seus “orixás de fé”, contribuindo para construir uma imagem positiva das religiões afro-brasileiras. Progressivamente, abandonou as perucas do início da carreira e não só assumiu seu cabelo crespo, como procurou deixá-lo cada vez mais “negro”, inclusive com o uso de apliques para aumentar seu volume. Mas, a negritude em Clara é mestiça, como explicitou no título de seu LP de 1980, “Brasil Mestiço”, ou no show dele decorrente “Clara Mestiça”, de 1981. Afirmar um “Brasil Mestiço”, para ela, não significava negar sua negritude. Pelo contrário, a mestiçagem em sua obra reafirma as diferenças identitárias, mas não as concebe como pólos antagônicos ou estanques. Percebe-as em diálogos e confrontos constantes. Em sua carreira e obra, não apresenta uma idéia de síntese cultural do Brasil. O samba não sintetiza a música brasileira. Por isso, Clara apesar de toda sua vinculação com o gênero, não queria ser rotulada como sambista, preferia a caracterização de “cantora popular brasileira”. Cantar os diferentes gêneros musicais brasileiros era uma forma de afirmar que a mestiçagem não subsumia a diversidade e que esta não poderia ser resumida em um único “gênero nacional”. Clara gravava compositores populares, tanto oriundos das camadas excluídas socialmente quanto de classe média. Cantava Capiba, Baianinho, Carlos Cachaça, Xangô da Mangueira, Candeia, Caymmi, Romildo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulo César Pinheiro, entre tantos outros, porque sentia em todos eles elementos da brasilidade que pretendia divulgar.
Entoava o amor e os orixás, mas também falava das dificuldades e da exclusão social. Depois de assistir a celebração das cem exibições do show “Clara Mestiça”, apresentado pela cantora em 1981, no seu próprio teatro, no Rio de Janeiro, Antônio Callado, em artigo intitulado “Brasil de Isabel a Clara”, afirmou: “o espetáculo de Clara Nunes (...) vale muitos livros e muita reflexão sobre este Brasil que ficou longe dos olhos” dos governantes, um Brasil popular e mestiço. A afirmação pode ser expandida para o conjunto da obra da intérprete. E é abraçando a sugestão de Callado que, ao se completarem 25 anos da partida de Clara para o Orum, o Inverno Cultural da UFSJ a homenageia, prestando tributo a um “Brasil Mestiço”.
Profa. Silvia Maria Jardim Brügger
Coordenadora de Homenagem do 21º Inverno Cultural .
"Ao homenagear Clara Nunes, queremos prestar um tributo à cultura brasileira e sua vitalidade, criatividade e infinita capacidade de renovação. Exatamente o que buscamos promover ao investir num festival de arte e cultura cuja maior recompensa é a constante formação e renovação de pessoas, grupos artísticos e agentes culturais".

Blog Clara Voz de Ouro

19 janeiro 2008

Matéria Revista Vida Simples

Clara , luz da música
Sambista cheia de graça e malícia, Clara Nunes era espevitada que só ela; sua obra, coisa séria, é um monumento à mistura musical do Brasil por Malu Rangel (Revista Vida Simples)
Quem vai para a Portela sabe que samba de bamba não tem hora para acabar. Só uma coisa é certa: a batucada começa no coração da escola, que fica na rua Clara Nunes, número 81. Se Clara Francisca Gonçalves imaginava que seu nome ocuparia lugar central em uma das maiores escolas de samba cariocas, fica difícil dizer. Mas a menina nascida no interior de Minas Gerais em 1942 - no município de Cedro, hoje Caetanópolis, subdistrito de Paraopeba -, caçula de sete irmãos, tinha como maior sonho ser cantora. Só cantora, não: queria ser famosa, como aquelas que não saíam das estações de rádio. Algo entre Carmem Costa, Dalva de Oliveira e Elizeth Cardoso, para começar. Afivele a sandália: Clara, a diva morena, vai puxar o samba.
Entre violas e agulhas
O convívio - e o namoro - de Clara com a música começaram cedo. O pai, operário da fábrica de tecidos da região, era congadeiro, violeiro e organizador da Folias de Reis. Na época de Natal, saía de casa na noite do dia 24 de dezembro e voltava apenas em janeiro, no tradicional Dia de Reis, animando a vizinhança.
continua...

13 janeiro 2008

Portela 2008

" Reconstruindo a natureza,recriando a vida: o sonho vira realidade"
esse é o enredo 2008 que a Portela, escola do coração de Clara, traz para a avenida.O blog Clara Voz de Ouro deseja Boa sorte e bom desfile a todos !
Composição: Diogo Nogueira, Ari do Cavaco, Ciraninho, Celsinho de Andrade Júnior Scafura
Segue os passos do criador
Vai minha águia gerreira
Leva essa mensagem de amor
De Oswaldo Cruz e Madureira
Água, fonte eterna da vidaTerra,
templo da evolução O homem surgiu,
brincou de criarDescobriu tanta riqueza
É preciso progredir sem destruir
Viver em comunhão com a natureza
É o rio que corre a caminho do mar
A flor que se abre na primavera
Do ventre a esperança que vem renovar
O sonho de uma nova era
É hora de darmos aos mãos
Lutarmos pro mundo mudar
O líder de cada nação
Precisa parar pra pensar
A palavra é união
Pra reconstruir o nosso larBrasil,
teu verde é o símbolo da vida
Renova a tua energia
Meu coração é o meu país
O sol vai brilhar pra anunciar
Um futuro mais feliz
Eu sou a água, sou a terra, sou o ar
Sou portela Um sonho real, um grito de alerta
A natureza que encanta a passarela
Visite o site oficial da Portela:

http://www.gresportela.com.br/#