Blog Clara Nunes: julho 2011

26 julho 2011

Duas notícias


CLARA NUNES SERÁ HOMENAGEADA -
A Rádio Globo através do jornalista ROBSON ALDIR que comanda o Programa Madrugada na Globo, está preparando um especial sobre CLARA NUNES.




Mais uma edição do Festival Cultural Clara Nunes, na cidade mineira de Caetanópolis:


21 julho 2011

6º Festival Clara Nunes- agosto 2011




Mais uma edição do Festival Cultural Clara Nunes, na cidade mineira de Caetanópolis que realiza do dia 12 a 21 de agosto de 2011 o 6º Festival cultural Clara Nunes, em homenagem à cantora, filha ilustre da terra , falecida em 02 de abril de 1983. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Cultura da cidade em parceria com o Instituto Clara Nunes, associação da família da cantora que reúne Creche e acervo para futuro memorial que deve ser inaugurado ainda este ano, obra em parceria com o governo de Minas.

O sexto evento apresenta oficinas, exposições, vídeos educativos, filmes, shows e peças teatrais. Destaque para os projetos do 'Festival de Músicas' inéditas ,'Descobrindo novos talentos', com a idéia de proporcionar oportunidade aos novos talentos de Caetanópolis e região.A abertura oficial dos shows acontece no sábado, dia 13, na Praça da Matriz, com o show abertura de Márcio Guima(sobrinho de Clara) prosseguindo com a Velha Guarda da Portela(escola da cantora),e o Conjunto Nosso Samba( músicos que acompanhavam Clara). Shows seguintes: Dia 14, Maurício Tizumba, 19- Show "O teatro mágico", dia 20 Roberta Campos e Zé Ramalho e encerrando dia 21 show de Chico Lobo.

Eventos paralelos acontecerão também na Casa de Cultura Clara Nunes, onde são realizadas, durante todo o ano, oficinas de dança, música, canto, artes cênicas, teatro, capoeira, jongo e artes plásticas.Considerada uma das maiores intérpretes de samba do país, Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, conhecida como Clara Nunes faria 69 anos em 12 de agosto de 2011.

 Pelo sexto ano seguido a secretaria Municipal de Cultura de Caetanópolis-MG, convida a todos para o evento que celebra o aniversário de Clara, no dia 12 de agosto.O Festival Cultural Clara Nunes é uma grande festa com o objetivo de fomentar a cultura local e cidades circunvizinhas, discutindo a obra , o mito Clara Nunes.

 
Contatos:(31) 3714-7430

Clique para ampliar o cartaz

A Casa de Cultura Clara Nunes foi inaugurada em agosto de 2007 e tem como objetivo trabalhar a cultura em muitos segmentos, atraves de oficinas artisticas, palestras, exposições, recitais, apresentações, além do resgate da obra da cantora Clara Nunes.


Como surgiu o Festival Cultural Clara Nunes
(depoimento da secretária de Cultura Adriana Andrade)



Desde o falecimento de Clara Nunes em 02 de abril de 1983, Caetanópolis devia uma justa homenagem a cantora que nasceu aqui. Clara Nunes tem sua história gravada em nossa cidade, em muitos Natais, Caetanópolis contou com a presença de Clara que vinha cantar com as pastorinhas e rever a família e amigos, enchendo de alegria o povo simples de sua cidade. Depois de 1983, Caetanópolis e o Brasil perdeu um mito, a voz de Clara se foi, mas continua ecoando no coração de muitos fãs pelo mundo afora. E foi assim que a ideia surgiu. Não deixar que a obra maravilhosa de Clara se perdesse, era mais que uma obrigação, uma deliciosa obrigação .

E mostrar que este talento nasceu aqui, no Cedro (hoje Caetanópolis) era uma questão de tempo, Em 1995, realizei uma semana em homenagem a cantora, juntamente com mais dois personagens ilustres em Caetanópolis Dr. Guilherme e Zé Bedeu mas sempre sonhei em poder fazer algo maior , tanto para a obra de Clara como para Caetanópolis que só tem a ganhar com um festival. Assim surgiu a oportunidade , em 2005 fui convidada pelo prefeito Romário para trabalhar com a cultura , então foi apresentado o projeto do Festival Cultural Clara Nunes, que só veio a acontecer em 2006, iniciando pequeno , mas com a certeza que Caetanópolis iria mudar os rumos culturais , dando a oportunidade da própria cidade conhecer a obra de Clara Nunes além é claro de dar a oportunidade a outros caetanopolitanos de mostrarem seus talentos na música, danças, artesanatos, enfim, de sair do anonimato e poderem crescer.

por Adriana Andrade


Foto: Adriana Andrade, Romário Vicente, Gilberto Gil, Maria Gonçalves, irmã de Clara.


Dica de hotéis para o Festival Clara Nunes


Essas são as dicas de hotéis na região de Caetanópolis-MG,
para hospedagem durante o festival.
Lembramos que Caetópolis é uma cidade pequena sem rede hoteleira,
mas próxima á cidade existem várias opcões.
HOTEL LONDRINA

Cidade: Paraopeba

Endereço.:AV DR JÚLIO CESAR, 651

Telefone:31 3714-1039

NOVO HOTEL

Cidade: Paraopeba

Endereço.:RUA QUINTINO MOREIRA, 94

Telefone:31 3714-1569

HOTEL FAZENDA CASA GRANDE

Cidade: Paraopeba

Endereço.:RODOVIA MG-231 - KM.2

Telefone:31 9986-0320

POUSADA FAZENDA DO RASGÃO

Cidade: Paraopeba

Endereço.:AV FRANCISCA MARIA DA SILVA, s/nr

Telefone:31 3335-6793

MAQUINÉ PARK HOTEL
Cidade:Caetanópolis-MG

Endereço: BR 040 - km 447.


Portela já tem enredo definido para 2012 - Clara Nunes homenageada também!



Confira a sinopse da Portela para o Carnaval 2012

RIO DE JANEIRO (O REPÓRTER) - A Portela divulgou na noite dessa terça-feira (19) a sinopse do enredo sobre as festas da Bahia. A cantora Clara Nunes também será homenageada. 
Confira:
GRES PORTELA
Carnaval 2012
Presidente: Nilo Mendes Figueiredo
Coordenadores de Carnaval: Alex Fab e Junior Escafura
Carnavalesco: Paulo Menezes
Diretor de Harmonia: Marcelo Jacob


“. . .E o povo na rua cantando é feito uma reza, um ritual...”


Pequena Prece ao Senhor do Bonfim
Salve, meu Pai Oxalá, Meu Senhor do Bonfim!
Senhor do branco, pai da luz.
Força divina do amor...
Epa Babá!


Meu pai, “... sou filha de Angola, de Ketu e Nagô
Não sou de brincadeira
Canto pelos sete cantos
Não temo quebrantos
Porque eu sou guerreira
Dentro do samba eu nasci,
Me criei, me converti
E ninguém vai tombar a minha bandeira.”


E venho a ti pedir sua benção e proteção, e pedir, também, licença aos meus padroeiros, para conduzir a minha águia altaneira, o meu altar do samba, até a sua presença.
Sabe, meu senhor, sempre fomos muito festeiros, muito devotos, e gostaria muito que o meu povo conhecesse o seu povo e a sua maneira de festejar, de reverenciar a sua crença, a sua fé.
Por muitas vezes cantei a Bahia, agora chegou a hora de mostrá-la.
“... essa Bahia gostosa
Cheia de encanto e feitiço
Que deixa a gente dengosa
E a gente nem dá por isso”

Bahia que tem o dom de encantar.
Terra em que o branco e o negro, o sagrado e o profano, o afro e o barroco se misturam e se tornam uma coisa só. No mar da Bahia, tudo e todos se misturam.
Bahia de vários corações... sagrados corações.
Terra de cores, cheiros e temperos.
Terra de festas e de fé, de santos e orixás.
Terra de samba.
Terra de amor e devoção.
A Bahia é festa o ano todo e o povo vai pra rua manifestar a sua fé.


“... E esse canto bonito que vem da alvorada.”
Alvoradas, missas, procissões, afinal “quem tem fé vai a pé”.
Novenas, flores, fitas, águas e perfumes.
Cortejos, fiéis e cânticos.
Velas, orações e adoração.
Gente que dança!
Tambores e atabaques, samba de roda, batucadas.
Comidas, pois festa sem comida não é na Bahia.
Gente que canta!
Canta pro santo, canta pro orixá. Canta para os dois ao mesmo tempo. É o sincretismo se fazendo presente.

Louva a alegria, a liberdade, a esperança.
Gente que pula!
Pula como pipoca, como cordeiro, em blocos e trios. Transforma as ruas em um mar branco, de paz.
Mar branco, mar vermelho, mar azul. Bahia é feita de mar, é feita de água.
Gente que louva!
Beatos, filhos-de-santo, padres, mães-de-santo, fiéis e iaôs, todos juntos num mesmo ideal. Deuses e mortais, passado e presente.
Altares e terreiros, tudo é mistério. As divindades tão próximas e tão íntimas. O milagre da cumplicidade com o sagrado.
A luz dos orixás refletida nos olhares.


“... Tem um mistério que bate no coração
Força de uma canção que tem o dom de encantar.”
É dia de festa na Bahia. Não importa como começou. Não importa se um dia tudo vai terminar, pois o riso e o gesto já estão gravados na eternidade, no céu e no mar.
Bem aventurados todos aqueles que puderem ver a Bahia em festa.
E neste momento, meu Senhor, vejo que tudo aquilo que move o baiano: a fé, a alegria, a esperança, a crença e a devoção, move também o meu povo, o portelense.


Um povo que nunca desiste, vive a sorrir e a festejar.
E que essa Bahia que é de Todos os Santos, seja a partir de então dos santos da Portela também, que eles passem a fazer parte do seu panteão, estendendo sobre eles o seu divino manto e nos conduza a um desfile triunfal sobre o altar do carnaval.
Bem aventurados aqueles que puderem ver a Portela em festa.


Afinal,
Sou Clara,
Sou Portela,
Sou Guerreiros,
Sou Amor!
Salve o manto azul e branco.
Amém!


Paulo Menezes
Enredo: Paulo Menezes e Marquinhos de Oswaldo Cruz


'Vou fazer um link entre a Bahia e Clara Nunes', diz Paulo Menezes

Patrícia Raposo
20/07/2011


O carnavalesco da Portela, Paulo Menezes, disse ao SRZD-Carnaval que o enredo escolhido pela agremiação foi bem aceito pelos portelenses, e frizou que a cantora Clara Nunes será o fio condutor para o desenvolvimento do tema. A azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira levará para a Sapucaí no Carnaval de 2012, o enredo "E o povo na rua cantando... É feito uma reza, um ritual", de autoria do próprio carnavalesco e Marquinhos de Oswaldo Cruz.
"Os portelenses gostaram do enredo escolhido. Tive boa receptividade e senti que pessoas se emocionaram. Vou fazer um link entre a Bahia e a cantora Clara Nunes. Ela vai ser meu fio condutor para contar o enredo. Clara era a personificação do sincretismo da Bahia", afirmou

Paulo disse também, que não faverá um foco especial para as festas religiosas da Bahia.
"Existirá uma passagem nas festas religiosas. Como tudo na Bahia é sincretismo e tem caráter religioso, isto se dará de uma forma natural, mas não é o meu foco principal", explicou.
O carnavalesco comentou sobre as fantasias para o próximo desfile.
"As fantasias serão detalhadas e leves, como os portelenses estão esperando", disse.


A Portela será a segunda escola a entrar na Marquês de Sapucaí, na segunda-feira, dia 19 de fevereiro, no Carnaval de 2012.
"Se eu disser que não gostei de ser a segunda escola a entrar na avenida estarei mentindo. A Portela não pode ter medo de ser a segunda a desfilar", opinou.
"Em um ano com tantas escolas evidenciando o Nordeste, seremos o primeiro parâmetro de comparação. Acho que isto vai nos favorecer. O público da Sapucaí sempre aguarda a Águia passar", completou.



O carnavalesco Paulo Menezes (Portela)
 



15 julho 2011

Lembranças de Joyce...

 Foto(Joyce)


Texto da cantora Joyce

Mais sessão nostalgia! Ando nostálgica que só, ou o que me move é a vontade de mostrar meu enorme acervo em preto e branco?!


Aqui estou com a querida Clara Nunes (outra grande cantora, e pessoa adorável, que não chegou a gravar nada meu, não deu tempo...) Esta foto é de 1980, no show de lançamento do 'Feminina', realizado no teatro que até hoje leva seu nome, e que pertencia a ela e ao marido (e meu futuro parceiro musical) Paulo César Pinheiro. Atrás de nós, um executivo da nossa então gravadora, a EMI-Odeon, além de plateia e convidados.


Jamais alguém poderia imaginar que Clara, tão linda e cheia de vida, tivesse apenas mais três anos pela frente. Mas na verdade, nem Elis, que nos deixou em 1982, teria sua ida tão prematura adivinhada. Foi um duro momento para o Brasil a perda de artistas tão amadas, e uma quase em seguida da outra. Era como se a música brasileira, como a conhecíamos até então, começasse a perder sinais vitais. Vinicius partiu em 1980. Elis em 82, Clara em 83, Nara em 89. Elizeth, com gloriosos 70 anos, em 1990. Tom, nosso maestro soberano, em 1994. O coração musical brasileiro do século XX começa a bater mais devagar.


Então chegaram as novas gerações. Para elas vai este samba que recém-gravei no meu CD "Rio", e que é dedicado à juventude morena que revisita o samba a partir da Lapa, mas já não se deixa contaminar por ideologias xiitas de "preservação" cultural, e se abre para o futuro sem medo.










04 julho 2011

Enredo 2012- Clara Nunes na Paraíso do Tuiuti


A Paraíso do Tuiuti divulgou, em primeira mão ao SRZD-Carnaval, a logo do enredo para o próximo Carnaval, quando a escola vai falar sobre Clara Nunes. O título do enredo será "A tal mineira".

Jack vai abordar as obras da homenageada, além de apresentar seu repertório e suas histórias de vida, sempre com enfoque em suas músicas.

Confira a sinopse do enredo da Paraíso do Tuiuti:
PARAÍSO DO TUIUTI

Por Fábio Silva

Dei um aperto de saudade no meu tamborim. Se nessa vida tudo passa, ela não passou. Minha musa, minha lira, minha doce inspiração, minha morena enfeitada de rosas e rendas. Abre o pano do passado. Mostre que seu encanto é uma coisa ntural, pois seu sorriso de moça tem um mistério que bate no coração da gente e tem o dom de encantar.

Vocês querem saber quem ela é? Ela é a tal mineira...

No Cedro Pequenino, tecido interior das Gerais, a noite emprestou as estrelas bordadas de prata. O céu prateado deixou o sol vir dourar os cabelos da aurora num lindo alvorecer. Raiou. Resplandeceu. Iluminou. As violas enfeitadas de fitas da Folia de Reis entoam cantos de alegria e liberdade para anunciar que a estrela-guia vai romper. Alguém no povo vai nascer.


Deixa clarear, seu Mané Serrador, que dona Amélia está sentindo a luz de um santo! Trovador errante do reisado. Talhador da esperança que aparece desse canto bonito vindo da alvorada. Faça de nossa bandeira, seu divino manto! De nossa coroa reluzente, todo ouro sobre o azul na procissão do samba!


O nosso tempo de chorar vai se acabar. A minha gente não vai mais andar falando de lado e olhando pro chão. Iluminando os caminhos tão sem vida, o anjo moreno há de chegar aos corações.


O povo até pensou que já era feliz. Pra todo mundo pareceu que um ser de luz nasceu.

Clara mensageira da música. Ela não é de brincadeira. É continuação do poder da criação. Seu canto tem força de oração. Missão que desafia o poder da ciência para combater o mal. Para que o pranto se encerre.

Para que todas as pessoas se tornassem boas e tivessem paz, soltou seu canto da garganta e se transformou num sabiá. Parede de barro não iria prendê-la. Então, voou o sabiá e foi cantar pelos sete cantos a esperança de um mundo novo. Foi viver para cantar, e cantar para viver, sua sina verde-amarela como a bananeira.
Sabiou sua voz de ouro na maravilha da aquarela que surgiu com a natureza sorrindo, tingindo. O céu abraçou a terra e deu vitalidade às flores. Cantou como é grande e bonita a natureza no florescer dos jardins a esbanjar poesia. Bamboleou em seu balaio os frutos da terra.Rainha mãe do mato. Irmã da bandeira que, no resplendor da densa mata, se perdeu e se encontrou. Foi como flecha no mato bravio. Seu canto correu veredas e buritizais, do sertão à mata virgem, com o vento que rola nas palmas. Sua sede dos rios, beira-riachos, também nos fez ouvir o mar em revolta que canta na areia. Maré cheia que só serenou quando ela pisou na beira da praia.
Mãe gentil de todo o povo desta terra que, quando pode cantar, canta de dor. Foi índio guerreiro, quilombola de Palmares e Inconfidente mineiro contra a tirania do açoite. Entoou o canto das três raças que ecoou pelo Brasil mestiço, santuário da fé.
Pediu benção à Mãe África. Mãe preta que nos amamentou no som que a todo povo embala. Batuques vindos do tempo da senzala. De quando o negro chegava fechado em gaiola, trazido por navios negreiros, do solo africano para o torrão brasileiro.
Amarrou os chocalhos na canela no fuzuê do jogo de Angola. Se embolou no tambor de Luanda, no maculelê, no lundu, no jongo e no caxambu. No maracatu, fez louvação à rainha festa para os reis negros Ilu Ayê.Personificou o misticismo sob as bênçãos do Bonfim. Trouxe coisas da Bahia nas canções que cantou com seus penduricalhos e balangandãs. No rufar dos tambores nos deu de seu axé. Ressoaram sua fé ao pai maior em pontos de umbanda de Oxalá e nos rituais de candomblé.


Foi deusa dos orixás. Mineira-sereia da coroa de areia, da areia de ouro, que tocou o agogô de afoxé. Dançou Ijexá saravado no gongá do povo de Zambi. Senhora das candeias, sua música é magia de um banho de manjericão vindo de lá da Aruanda de Sindorerê. Curimba de filha de Ogum com Iansã.
Ouviu a encantaria dos batuques que vieram de longe, soprado do alto dos morros. Ê favela... És o berço do samba. Quanto tempo importante ela passou por aí. Mangueira, celeiro de bambas. Serrinha, império do samba...
Deusa do samba. Do samba verdadeiro, sem cambalacho. Samba-que-samba no bole-que-bole. Que rebola no balacobaco dos bambambães. Samba rasgado. Samba dolente de sambista que vive eternamente no coração da gente.
Quando sambou, o frio sentiu seu calor e o samba se esquentou. Quebrou o salto da sandália no clube do samba. Chorou de alegria nos chorinhos. Sorriu de nostalgia nas marchas-rancho. Entre palhaços e pierrôs, sempre foi a preferida.
Imortalizou sambas de enredo de tantos pavilhões, de tantas cores. E nunca vimos coisa mais bela quando ela pisava a passarela, sob as asas da águia altaneira, desfilando na avenida de azul e branco. Não há e nem pode haver visão igual. Majestosa dona do carnaval.
Seu grito raro, sua voz potente, é um farol guiado ao alento do trabalhador. Revela a leveza de um povo sofrido, de rara beleza, que vive cantando. Povo de profunda grandeza em sua força de expressão.
O amor intransigente pelo canto cantado dos versos mais puros, valentes e seguros, dos filhos do mundo. Dos sem eira nem beira. Dos que o sapato já furou e a roupa já rasgou. Dos que falam pouco e acertado, mas se fazem compreender. Do sertanejo e seus segredos de quem não teve o prazer de aprender a ler. Dos retirantes viajados num pau-de-arara que só traziam a coragem e a cara.
Cantou o pescador sem medo. Os pregoeiros, as feiras e as humildes vendinhas nos cantos das ruas. O sanfoneiro da gota serena que, num forró da muléstia, fazia floreio pra gente dançar o coco rodado.
As quituteiras com seus bolos de milho, broas, cocadas, rapaduras e pés-de-moleque. Suas panelas de barro que, guisando uma galinha à cabidela, nos convidam para um peixe com coco regado a muita pinga danada vinda do alambique. Iguarias de fazer qualquer cristão afrouxar a correia.
Valorizou a simplicidade generosa de uma gente tão honesta que, sempre em um clima de festa nas suas casinhas modestas, lembravam os tempos de criança da cidadezinha onde nasceu.
Mineira guerreira que cantou o guerreiro.
Ao ir embora deste mundo de ilusão, foi morar no infinito pra virar constelação. Repousar nas maravilhas diferentes. Par além do luar onde moram as estrelas. Quem te viu sorrir não há de te ver chorar. Mas és imortal. Teu canto ecoa noite e dia. É voz geral.
Está vendo só o jeito que tudo ficou por causa de você? As coisas mais simples que você tocou acenderam o coração do povo. Sua memória é preservada ma singeleza acolhedora de Caetanópolis, no seio fraterno de Mariquita. E o povo continua na rua cantando. Como fiéis, feito uma reza, um ritual, te homenageando e te escolhendo como a preferida. São todos seus filhos neste mundo, ouvindo e entoando seus ensinamentos. Por causa de você, clara claridade em nossas almas, o amor será eterno novamente.

Jack Vasconcelos

Carnavalesco













01 julho 2011

Jornal Renascença- bairro onde Clara trabalhou em BH

Caçula dos sete filhos do casal Manuel Ferreira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes, Clara Nunes nasceu no interior de Minas Gerais, no distrito de Cedro - à época pertencente ao município de Paraopeba e depois esse distrito virou cidade e foi emancipado com o nome de Caetanópolis, onde viveu até os 16 anos...(continua):



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