Blog Clara Nunes: outubro 2010

20 outubro 2010

Fotos Clara Nunes

Clara Nunes e Chacrinha - canta "Portela na Avenida"
Foto: Veja-Abril 1981
Clara e Bibi Ferreira comemorando 100 apresentações
Clara Nunes e Sylvinho do Pandeiro no desfile da Portela, carnaval de 1974.
Samba-enredo: O mundo melhor de Pixinguinha
Foto: Samba Rio Carnaval
Sh0w: Clara Mestiça

11 outubro 2010

Clara em bela foto

Acervo Fotográfico Mário Luiz Thompson

O fotógrafo Mário Luiz Thompson catalogou várias imagens da MPB de grande valor histórico e documental.Retrata a Música Popular Brasileira nas décadas de 1970, 1980 e 1990.

As imagens abrangem desde cantores e compositores até instrumentistas, letristas, maestros e arranjadores dos mais variados gêneros. A documentação iconográfica conta, além da história da MPB, a história pessoal de muitos retratados, acompanhados de perto pelo fotógrafo durante essas três décadas.

http://www.philarmoniabrasileira.com.br/proj-realizacoes/artes-plasticas/acervo-mario-thompson.php

08 outubro 2010

Como surgiu o grande sucesso

CANTO DAS TRÊS RAÇAS
(Texto extraído do livro "Histórias das minhas canções" de Paulo César Pinheiro)
Conversávamos, certa vez, eu e Mauro, sobre samba-enredo. Sua estrutura melódica, sua cadência, seu desenvolvimento de acordo com o tema proposto, seu tamanho, seus cantos de refrão. Ele era, particularmente, fã de Silas de Oliveira, a quem considerava o maior compositor desse gênero, de todos os tempos. Foi seu amigo. Acompanhava sua trajetória. Papo vai, papo vem, resolvemos compor algum que guardasse essas características tradicionais. Ali mesmo iniciamos nosso esboço musical.
Com o rascunho sonoro adiantado fui para casa devanear, buscar o motivo, procurar uma história conveniente ao que se tinha imaginado. Lembrei da formação racial do Brasil especialmente da minha genética índia e européia por parte de mãe, e negra do meu lado paterno. As três raças fundamentais desse país mestiço. Veio-me à mente o soneto “Canto Brasileiro”, que deu nome ao meu primeiro livro publicado. Era isso. O canto triste nascido dessa miscigenação. O aperto de saudade do branco colonizador, o banzo africano e a dolência nativa, “Um soluçar de dor” foi a expressão que me brotou imediatamente, e dessa frase parti pro poema. Fui ajeitando a melodia aqui e ali em função da letra.
Depois de terminado dei por falta do que julgava ser o principal, o miolo, a célula: o canto de lamento. Na verdade, era o mais difícil, era a marca, o carimbo, a identificação do samba. Fiz vários antes do definitivo. Cada vez que ia cantar, saía de um jeito. Quando Clara entrou em estúdio pra gravar, sentei com o Maestro Gaya, que faria o arranjo, pra passar a melodia corretamente. Belíssima a harmonização criada por ele, mas na hora do estribilho surgia á dúvida. Era sempre um lamento diferente o que eu entoava.
- Define o canto, Paulinho – dizia Gaya.
De repente, influenciado por acordes que ele seqüenciava ao piano, a melodia veio por inteiro. O Gaya gostou, fixou na minha cabeça com um solo e fechou a tampa.
Propus ao Carlinhos Maracanã esse tema pra Portela. Só que escola de samba é outro papo. É problema. É guerra. Não se chega sugerindo um samba e pronto. Tem todo um processo complicado que envolve ego, grana, disputa, prestígio interno. Na minha ingenuidade imaginei que magnífico desfile poderia ser pra azul e branco. Sonho, apenas. Desisti logo. Até hoje, porém, ainda visualizo esse cortejo na Passarela do Samba.