Blog Clara Nunes: maio 2010

16 maio 2010

Livro revela origem das canções

Resenha de livro Título: Histórias das Minhas Canções Autor: Paulo César Pinheiro Editora: LeYa Compositor reservado, do qual pouco se ouve falar no circo da mídia por conta de sua postura reclusa, Paulo César Pinheiro revela algo de sua personalidade ao detalhar a gênese de 65 de suas estimadas duas mil músicas em Histórias das Minhas Canções, livro lançado neste mês de maio de 2010 pela editora LeYA. É com justificado orgulho que o poeta classifica como obra-prima temas como Matita-Perê (1973), sua primeira parceria com Tom Jobim (1927 - 1994), inaugurada - revela ele no livro - depois que o maestro soberano ouviu Sagarana (1969), parceria de Pinheiro com o violonista João de Aquino, composta em homenagem a Tom. Traços de vaidade, da firmeza ideológica e do caráter boêmio vão sendo esboçados nos relatos à medida em que Pinheiro recorda em narrativa coloquial a origem das 65 músicas que selecionou para abordar no livro. Sincero, o autor não camufla nem os ciúmes entre parceiros - como o que sentiu Vinicius de Moraes (1913 - 1980) ao ouvir num bar de Ipanema a letra de Lapinha, feita por Pinheiro em 1965, aos 16 anos, em cima de melodia lhe confiada por Baden Powell (1937 - 2000). Vinicius, mais tarde, venceria o ciúme e se tornaria amigo de Pinheiro. Que sempre exerceu a poligamia musical, já contabilizando cerca de 150 parceiros. Com Baden, criou sambas cheios de verve como Cai Dentro (1979) - este composto por encomenda de Elis Regina (1945 - 1982) para alfinetar cantora que vinha ganhando prestígio e autoridade no mundo do samba, o que irritou Elis (Pinheiro não revela o nome da cantora, mas é provável que seja Beth Carvalho, desafeto da Pimentinha desde que elas disputaram a primazia de lançar - em 1973 - o samba Folhas Secas, de Nelson Cavaquinho). Pelo apego do poeta à boemia, muitas obras-primas nasceram em mesas de bar. Foi o caso de Menino Deus (1974), cuja melodia foi cantarolada entre uma cerveja e outra por Mauro Duarte (1930 - 1989). Fascinado pela beleza da melodia, Pinheiro foi em busca de Duarte num cortiço de Botafogo para ter a oportunidade de criar os versos que seriam imortalizados na voz de Clara Nunes (1942 - 1983) - intérprete também do forte Canto das Três Raças (1976), samba-enredo criado por Paulo com o mesmo Mauro Duarte com a intenção de evocar as tradições melódicas do gênero, à moda dos sambas de Silas de Oliveira (1916 - 1972). Às vezes, relata o compositor, a inspiração pode vir de uma mera palavra de jornal - como Mordaça, musa do samba composto com Eduardo Gudin em 1974 .
Transcrito do blog Notas Musicais do crítico musical Mauro Ferreira.

14 maio 2010

Texto de 1983

Clara Nunes, muito mais do que “uma cantora de samba”
Uma visão sobre a carreira da cantora, morta cedo demais.
Publicado no Jornal da Tarde, 4/4/1983.
Texto de Sérgio Vaz
A historinha por trás do texto: Clara Nunes morreu de uma dessas mortes imbecis, que não dá para a gente entender. Não tinha completado 40 anos; foi fazer uma operação de varizes numa clínica do Rio, houve problema na anestesia – morreu no dia 2 de abril de 1983, no auge da carreira, com a vida inteira pela frente. Foi num sábado. Naquele tempo, o Jornal da Tarde, onde eu trabalhava como sub-editor de Reportagem Geral e, nas horas vagas, escrevia sobre música brasileira, não saía aos domingos (assim como os jornalões O Estadão, a Folha e O Globo não saíam às segundas); e então me encomendaram um texto para o jornal de segunda-feira, uma avaliação da obra dela, uma matéria de apoio à principal, que seria a reportagem propriamente dita sobre ela, a morte, o enterro. Não conhecia muito bem os discos da Clara, mas me meti a ouvi-los e a ler sobre ela no sábado e no domingo. Não é um texto lá especial, mas acho que pelo menos foi digno – era o mínimo que Clara merecia.
Leia mais:

Sobre o Festival

Breve traremos notícias sobre o V Festival Clara Nunes na cidade natal Caetanópolis-MG, com toda a programação 2010, dicas de hotéis,etc. O festival sempre acontece na data de nascimento de Clara, 12 de agosto e para este ano já sabemos que a Velha Guarda da Portela tem data marcada e agendada com seu show emocionante.

Foto Rádio Inconfidencia

Teatro Auditório da Rádio Inconfidência de Belo Horizonte e a homenageada
Clara Nunes em 1961, onde tudo começou nos anos 60.