Os 70 anos de Clara Nunes
Se estivesse viva, Clara Nunes completaria 70 anos neste domingo. A “mineira guerreira”, como bem disse o verso escrito por Paulo César Pinheiro, que foi casado com Clara, nasceu na cidade de Paraopeba e começou a cantar em programas de calouros.
O sucesso aconteceu quando, em 1971, ela abandonou os boleros e músicas românticas e lançou o discoClara Nunes, que trouxe elementos de ritmos africanos, fruto de sua proximidade com as religiões africanas. Nascia a Clara sambista, a que foi amada por seu público.
Nos anos 70, Clara, Alcione e Beth Carvalho ficaram conhecidas como o “ABC do samba”. Em 1975, seu disco Claridade, que trazia músicas como “Mineira”, “Ê baiana”, “O mar serenou” e “Juízo Final”, vendeu 600 mil cópias e igualou Clara a Roberto Carlos, o grande vendedor de LPs na época.
Clara morreu no dia 2 de abril de 1983, aos 39 anos. Ficou em coma por quase um mês após sofrer um choque anafilático durante uma cirurgia de varizes. Durante o período em que esteve em coma, a clínica onde Clara estava internada, no Rio de Janeiro, quase foi invadida por populares. Os fãs queriam mais informações do que os boletins emitiam e faziam vigílias por sua recuperação. Uma “clara” demonstração do amor que eles tinham pela cantora.
Nem sempre lembrada como deveria, Clara Nunes vai receber algumas homenagens por seus 70 anos. Na próxima semana (dias 14,15 e 16 de agosto), a cantora Virgínia Rosa fará três shows em homenagem a Clara no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Eram dois, mas a grande procura por ingresso fez com que o espetáculo ganhasse mais um dia.
A gravadora EMI- que detém a maior parte das músicas gravadas pela cantora – promete relançar a caixa neste segundo semestre a caixa Clara, com oito CDs que reúnem as músicas de 16 Lps gravados pela cantora, mais um CD com raridades. A gravadora ainda tem em catálogo um DVD com musicais de Clara no programa Fantástico, da TV Globo.
Para quem quer se aprofundar mais na história da cantora, pode se debruçar na biografia Clara Nunes- Guerreira da Utopia, lançada pelo jornalista Vagner Fernandes há alguns anos. Ela também vai ganhar um memorial em sua cidade natal, Paraopeba.
Fica difícil escolher uma única música ou uma única apresentação de Clara para ilustrar esse post. Porém, me atrevo a selecionar a que está abaixo. Uma apresentação de Clara no Japão, um ano antes de sua morte. A prova que sua voz, seu samba e seu carisma eram universais.
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