Muitos tributos a Clara Nunes acabaram perdendo o mês de seu aniversário.
A gravadora EMI, por exemplo, promete relançar, para o fim do ano, a discografia completa da intérprete. São oito CDs com os 16 discos da cantora e um com raridades tiradas de compactos.
A caixa deve trazer poucos retoques no áudio e no projeto gráfico original. No repertório, semnovidades: o material já saiu em 1997 e 2004.
"Teve uma mudança de fábrica aqui, e acabou atrasando", justifica Luiz Garcia, gerente de marketing da EMI.
A cidade natal de Clara, Caetanópolis (MG), foi mais pontual. O festival que leva o nome da cantora já começou. Hoje é a vez da Velha Guarda da Portela, escola de samba do coração da "Guerreira".
O tributo mais importante, porém, é a inauguração do Memorial Clara Nunes, que abrigará uma parte dos 6.000 itens de seu acervo pessoal, restaurados por especialistas da Universidade Federal de São João del-Rei.
Outros projetos estão saindo do papel. Vagner Fernandes, autor da biografia "Clara Nunes "" Guerreira da Utopia" (Ediouro, 2007), planeja um documentário, que vai ao ar no Canal Brasil, no mês de outubro.
"Muita gente me procurou, mas sem nada concreto", diz Paulo César Pinheiro. "O projeto mais interessante é um documentário que reúne apresentações da Clara e entrevistas dadas só por ela."
"É algo diferente. Não é alguém falando sobre ela. É uma pessoa que já morreu, mas que está viva ali", completa o compositor.
Registros inéditos de Clara Nunes, que faria 70 anos, são revelados |
"Sujou um pouco a cabeça na hora de rebobinar", explica Genival Barros, 72, com cotonete e acetona nas mãos, enquanto limpa seu aparelho de som dos anos 1970.
Ali, giram em fitas de rolo registros inéditos de Clara Francisca Gonçalves, a Clara Nunes, que completaria 70 anos hoje, se não tivesse sucumbido a uma cirurgia mal sucedida de varizes, em 1983.
O tesouro, guardado a sete chaves por Barros em seu escritório em São Bernardo do Campo, na Grande SP, é a gravação em áudio que fez de dois shows da cantora mineira na década de 1970 --um, na África, outro em São Paulo.
"Entre agosto e novembro, o Roberto Carlos dava uma parada, aí eu acompanhava a Clara", lembra Barros, que é técnico de som do Rei desde 1965. "O astral dela era impressionante. Ela crescia muito no palco, parecia que tinha dois metros de altura."
Nunca lançados, esses registros podem chegar às prateleiras pela EMI em um futuro ainda incerto, com a ajuda do jornalista Vagner Fernandes, biógrafo da cantora, que fez a ponte entre o sonoplasta e a gravadora.
"Eu liguei para o Genival há mais ou menos dois anos para consultá-lo sobre um registro de um show da Clara no Maksoud Plaza, em 1982. E ele disse: 'Pô, cara, não tenho, mas tem duas coisas aqui que vão teinteressar. Você vai ficar maluco'", conta Fernandes.
"Começamos a conversar desde então. Levei essa história para o pessoal da EMI, e eles se interessaramem lançar os dois áudios em CD."
O técnico de som ainda não digitalizou as gravações. "Tenho medo de levar num estúdio e fazerem cópias."
"Fiquei sabendo do material. Preciso ver se a qualidade é boa mesmo. Não adianta lançar algo que não seja à altura [de Clara]", diz Paulo César Pinheiro, viúvo da cantora e herdeiro universal dos direitos sobre a obra dela.
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