O mundo luminoso de Clara
Em 2003, o compositor Paulo César Pinheiro, viúvo de Clara Nunes e zeloso organizador de seu legado artístico, permitiu que o produtor Paulão 7 Cordas, junto a DeckDisc, desse vida ao belo projeto “Um Ser de Luz - Saudação à Clara Nunes”, disco duplo formado por gravações até então inéditas. A ocasião lembrava os 20 anos da morte da cantora mineira. O disco passou um tempo fora do catálogo e agora volta às prateleiras, usando como gancho os 70 anos que Clara completaria em 2012.
“Muita gente quis homenageá-la. Fazia-se alusão à sua vida, com quem ela namorou, como começou sua carreira, essas coisas pessoais. Sua obra, porém, que é o que mais importa, tocava cada vez menos por aí. Essa coletânea, sim, eu considero uma grande homenagem, lembrando seu repertório excelente”, comentou Paulo César Pinheiro na época. E, de fato, o repertório reunido é excelente, apesar do trabalho dos intérpretes convidados ser bem oscilante.
É tocante a força que Elza Soares imprime em “Canto das Três Raças” ou a dor do canto abolerado de Fafá de Belém em “Sem Companhia”. Dona Ivone Lara se apropria de “Juízo Final” e Mônica Salmaso cumpre bem seu papel em “Alvorecer”. O mesmo, porém, não se pode dizer da versão tímida de Cristina Buarque em “Portela na Avenida” ou da versão genérica de “Na Linha do Mar” apresentada por Seu Jorge.
Ainda assim, “Um Ser de Luz - Saudadação à Clara Nunes” ainda resiste, quase 10 anos depois, como o mais bem acabado tributo a esta cantora única. E diante do aparente descaso da EMI (que agora foi comprada pela Universal) com a reedição da obra original de Clara, o projeto se torna mais que um convite para os que desejam conhecer o mundo luminoso da intérprete.
Folha PE online
Nenhum comentário:
Postar um comentário