Sambista cheia de graça e malícia, Clara Nunes era espevitada que só ela; sua obra, coisa séria, é um monumento à mistura musical do Brasil
por Malu Rangel (Revista Vida Simples)
Quem vai para a Portela sabe que samba de bamba não tem hora para acabar. Só uma coisa é certa: a batucada começa no coração da escola, que fica na rua Clara Nunes, número 81.
Se Clara Francisca Gonçalves imaginava que seu nome ocuparia lugar central em uma das maiores escolas de samba cariocas, fica difícil dizer. Mas a menina nascida no interior de Minas Gerais em 1942 - no município de Cedro, hoje Caetanópolis, subdistrito de Paraopeba -, caçula de sete irmãos, tinha como maior sonho ser cantora. Só cantora, não: queria ser famosa, como aquelas que não saíam das estações de rádio. Algo entre Carmem Costa, Dalva de Oliveira e Elizeth Cardoso, para começar. Afivele a sandália: Clara, a diva morena, vai puxar o samba.
Entre violas e agulhas
O convívio - e o namoro - de Clara com a música começaram cedo. O pai, operário da fábrica de tecidos da região, era congadeiro, violeiro e organizador da Folias de Reis. Na época de Natal, saía de casa na noite do dia 24 de dezembro e voltava apenas em janeiro, no tradicional Dia de Reis, animando a vizinhança.
continua...
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