Se o Pessoal da “música brasileira”andava se vangloriando de revalorizar e redescobrir valores do passado como Cartola e Nelson Cavaquinho, por que a Jovem Guarda não podia fazer o mesmo com o mineiro Ataulfo Alves? Naquela tarde dos anos 60,a vida não estava fácil para compositores da antiga. Ataulfo estava tão por baixo que nem sequer foi citado no quilométrico “Samba da benção” no qual Baden Powell e Vinícius de Morais homenageiam uma penca de sambistas do passado e do presente então. Roberto Carlos concordou com a idéia de Imperial. Ataulfo compareceu ao programa, numa bela tarde de domingo,e cada qual cantou uma música do outro. No final ambos cantaram juntos o eterno sucesso “Ai que saudades da Amélia”. Ataulfo e Roberto Carlos 1967 Semanas depois , para surpresa de muitos, Roberto Carlos entrou no estúdio e gravou esse samba, que tem a mesma idade que ele(1941). Lançado em janeiro do ano seguinte, tornou-se um dos grandes sucessos daquele e de todos os carnavais. ...Também para Ataulfo Alves a gravação do jovem cantor foi um bom negócio, porque trouxe seu nome de volta à mídia, além de render bons direitos autorais para ele e o parceiro Mário Lago.
29 abril 2007
Ataulfo Alves e Carlos Imperial
Transcrevemos um trecho interessante do livro "Roberto Carlos em detalhes"de Paulo César de Araújo onde Clara Nunes é citada na "curiosa"parceria de Carlos Imperial
com Ataulfo Alves que resultou num grande sucesso da
cantora!
Capítulo: Roberto Carlos e a MPB
Parei na contramão
"...A reação da jovem guarda veio no começo de 1967 por meio do “Manifesto do iê iê iê contra a onda de inveja” publicado na revista Manchete, esse manifesto atribuído à Carlos Imperial, afirmava que o pessoal do samba combatia a jovem guarda porque 90% da músicas tocadas no rádio e apresentadas na TV seriam de iê iê iê.
A seguir, Carlos Imperial sugeriu a Roberto Carlos que convidasse um compositor tradicional e o homenageasse no programa Jovem Guarda. De preferência um compositor negro, ligado ao samba. E Roberto Carlos devia gravar uma canção desse compositor para mostrar que a turma da jovem guarda não tinha preconceito contra ninguém do samba. O compositor que Carlos Imperial sugeriu foi o mineiro Ataulfo Alves, autor de clássicos com “Ai que saudades da Amélia”, "Atire a primeira pedra" e o "Bonde de São Januário".
Mas a boa relação de Ataulfo Alves com a jovem guarda não pararia por aí. Agradecido pelo empenho de Carlos Imperial nesse seu processo de redescoberta pelo público jovem, Ataulfo estreitou relações com ele e juntos fizeram o samba “Você passa eu acho graça”que se tornaria o primeiro sucesso da cantora Clara Nunes, em 1968.. A inusitada parceria do antigo sambista com o jovem-guardista causou surpresa em muita gente, desconfiada de que aquilo pudesse ser mais uma pilantragem de Imperial.
Clara Nunes e Ataulfo Alves-Revista Manchete
“Mas se o branquinho classe média Carlos Lyra compôs com o sambista de
morro Zé Kéti, por que eu não posso fazer o mesmo com Ataulfo Alves?”,perguntava o irônico Imperial".
Ataulfo Alves compôs ainda, com Carlos Imperial, os sambas Você passa, eu acho graça(1968), Você não é como as flores(1971) e sua última música, Mandinga(1971), concluída pelo parceiro e gravada na Odeon por Clara Nunes.
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Um comentário:
Oi, qual o título dessa música que Clara Nunes canta aqui em seu blog?
Rosane
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