29 junho 2012
Memorial Clara Nunes - obras
Os deputados: Rodrigo de Castro e Célio Moreira em visita à Casa de Cultura
Clara Nunes-Caetanópolis-MG
A cidade de Caetanópolis-MG, terra natal de Clara Nunes prepara-se para a inauguração do Memorial em sua homenagem. Recentemente recebeu os políticos em visita às obras que estão sendo feitas para a grande inauguração no dia 12 de agosto próximo, data festiva que se comemora o aniversário da mineira no Festival Cultural Clara Nunes, sétima edição.
O Memorial
26 junho 2012
Lindo texto / contribuição : Iraciran Soares
A ASCENSÃO DE UMA GUERREIRA
A luminosidade que envolvia o planeta naqueles dias que antecederam a volta de Clara ao plano espiritual oscilava tais o brilho de pós de cristais da areia da praia. Os Orixás preparavam-se para recebê-la. Oxumaré ligara as pontas de um imenso arco-íris azul e branco num pólo a outro da terra, que interligavam as cores rubras das auroras boreal e astral criando furta cores que homenageavam a todas as escolas de samba. Sereias choravam copiosas lagrimas sobre as pedras litorâneas formando volumosas marés altas, sem que antes ocorresse a brisa amena que antecede a preamar. Fora preciso Iemanjá serenar o Mar regendo seu equilíbrio, pois parecia querer emergir o mais alto possível suas águas para alcançar Clara que volitava sorrindo e cantando; levando a crer que queria resguardá-la para si e fazê-la a mais linda sereia.
Nos terreiros, sons inaudíveis e dolentes de tambores lançavam pelos ares um pulsar compassado e dorido, tais batimentos de corações em despedida. Só Oxum e Iansã sorriam; Pois logo mais teriam nos anéis de seus dedos, a pedra mais CLARA, mais brilhante, mais diáfana de todo universo.
Mães e pais de Santo recitavam no idioma Bemba os encaminhamentos balbuciando-os com o corpo cataléptico, transfigurados, desumanizados, fitando com suas pupilas inertes e umedecidas de lagrimas vivas, o corredor de estrelas que se precipitavam sobre a terra. As forças da natureza em vão tentavam mantê-la aqui. O curso das quedas d’águas das cachoeiras desafiava a lei da gravidade projetando-se, soerguendo-se para o alto, fundindo-se com as nuvens, mesclando os vapores brancos das águas a alma clara de CLARA. Porém, a mística da oração dos Babalorixás os fazia vislumbrarem Ogum com sua espada quebrando as correntes materiais que prendiam a Guerreira a mundanalidade da terra, fazendo cumprir a missão pré-estabelecida.
Naquelas noites de vigília, o canto das Iaras nunca fora tão dolente e ungido pela saudade. As notas musicais destas canções eram tão concretas e palpáveis que invadiam as matas ondulando as copas das árvores, abalroando nos troncos fazendo-os vibrarem em ecos soturnos até cafurnar-se nos mistérios insondáveis das eternas noites das florestas fechadas de Oxóssi. Os acordes sofríveis vibravam encrespando angustiosamente as águas do Amazonas, que no alcançar do Oceano se propagavam até o além mar chegando às praias da mãe África, sonorizando-as com notas musicais úmidas de dor, enquanto os caboclos ribeirinhos ouvindo-as aproveitavam para compor a percussão com seus atabaques, a letra da canção carregada de lirismo das mães das águas em ritmo de cirandas nostálgicas.
Um lamento triste ecoou depois que Xangô formara um imenso coração incandescente com os raios de sua espada que alcançavam todo sistema solar saudando a volta de Clara à casa do Pai Oxalá. O rufar dos atabaques e tambores ficaram mais pungentes e logo são superados pelo som das trombetas de Arcanjos e Querubins, que a conduzem, e fazem sutilmente Clara adentrar no corredor das estrelas fazendo-a contornar levemente seu diâmetro de luz. O seu lindo olhar de lince alumiava o percurso estrelar. Seu corpo espiritual levitava ritmicamente aos acordes dos sons divinos voando triunfante sobre a morte, esbanjando seu sorriso retilíneo de jubilo intenso e claro como sua alma que rumava aos confins do sem fim.
E nós, nas noites de turbilhões de estrelas, tentamos verte. Pois os Orixás já nos confessaram que teu brilho é quem alumia todas elas.
A ASCENÇÃO DE UMA GUERREIRA ( PARTE II )
... Fora a madrugada mais longe de um
dia em que o criador recolhera os raios do sol. As últimas cintilas do corredor
de estrelas que envolvera e embarcara CLARA, fundia-se ainda misteriosamente com
o luar de uma lua tímida. Um universo de sentimento de perca abrangia toda a
terra. Ventos corrupiana desciam de sua latitude desafiando a luz da chama mansa
das velas nos altares dos santos no Congá dos terreiros. A letra inconsolável de
uma melodia suave e triste de um prelúdio, sob a regência de um Sabiá insone,
preconizava: “UMA LONGA CURTA VIDA PARA QUEM TANTO VIVEU”...
Na mata, ainda em êxtase, um
Uirapuru, o Menestrel das Florestas, tentava libertar seu cantar. Afinal, era
preciso acordar a natureza de um súbito sono letárgico, solidária talvez com a
indolência extrema de Clara, compartilhando mutuamente a insensibilidade de seus
sentidos pelos efeitos letais do anestésico que calara a voz de quem tanto a
exaltara. A lendária ave sacode a penugem, ergue a pequenina fronte para a
solidão das derradeiras estrelas matutinas que vagueiam sobre a barra da aurora,
que vermelha de pêsames, tenta romper as angustiosas trevas daquela madrugada
infinda. Equilibrando-se no último galho da Palmeira, fixa o brilho de suas
pequenas retinas no trajeto iluminado e apresado de uma imensa ESTRELA CADENTE
no seu viajar açodado e incandescente que alumiara os mares e os continentes
rasgando as entranhas do infinito, partindo quem sabe para CLAREAR as noites de
outro apartado céu!... E afluir nas festas celestiais, quando os astros ponteiam
alucinados no firmamento, para o eco de sua voz CLARA fazer vibrarem os
carrilhões de estrelas de remota galáxia.
O mar ainda envolto na parda
penumbra, porém, já serenado por Iemanjá, esperava o alvorecer que se recusava a
nascer. Navegava ainda na proa das ondas o soluçar das últimas preces
intercessoras do povo pedindo a permanência de CLARA entre nós.
E no âmago do mar de lágrimas de
nossa alma navega a deriva um oceano de interrogações:__ Em quais colinas de
Oxossi se esparrama seu sorriso? Qual amanhecer de longínqua terra se reveste o
seu cantar?... Acordando os Orixás, despertando as energias adormecidas no
ventre de Iansã cantando cirandas de praia.
Passaram-se sete luas cheias. Subiram
varias marés e a vazante de tristeza ainda inundava as tendas dos terreiros,
onde os velhos Babalorixás apoiavam-se em suas bengalas seus corpos senis e sua
desmedida saudade. Desabafavam aos Deuses o tamanho de seus pesares que
digladiavam com a rudeza dos embates cruciantes do mundo real. O silencio
ensurdecedor que incorrera sobre o intimo de suas almas revestiu sua pele negra
num eterno luto. Suas áureas brancas evocam em misteriosos diálogos de linguagem
intraduzível para uma esfera espiritual de seres místicos que só os vêem e os
ouvem quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir. Os ruídos mundanos não os
tiravam de sua bi-locação. Porém, de repente são envolvidos por um OLOR de um
hálito quente de um PERFUME FEMININO a aflorar-lhes num abraço a pele escura,
revitalizando seus corpos decrépitos. A sutil presença, palpitante de vida,
recendia o perfume ocre da terra. O fremido e o rastro do vento provocado pelo
rodar de seu vestido branco enfeitado de rosas e rendas varriam do terreiro as
dores que fugiam silenciosas. Aquele instante fugaz de um beijo espiritualizava
a natureza e confundia a mediunidade centenária dos Barbarolixás que se
entreolham a perguntar-se, se estão a pisar no céu ou na terra. Seus corações
sentiam um misto de alegria e de dor. A MORTE E A VIDA se confraternizavam
naquele instante fascinante de um abraço enlaçado por dedos longos e finos
enfeitados de anéis a tocá-los enternecidamente. CLARA se compadecera, quando do
alto da mais alta colina de Oxossi volveu a terra seus inquietos olhos, de mirar
indefinido pelo leve estrabismo, que lhes dá um ar de misteriosa e sedutora
Deusa.
__ Fica iaiá entre nós, pelo menos o
tempo de vida que tem uma flor!
Um sorriso “SÁBIO” do tamanho da
amplidão dos mares fora a resposta. O brilho cintilante das pedras de topázio
nos anéis irisava ao seu redor formando um circulo translúcido, ofuscante, de
brilho mais intenso que a luz do sol, transfigurando-a... E com os lábios quase
a falar refizera o percurso espiritual com a alma aspirando à eternidade. A
festa nos olhos daqueles anciões naquela manhã banhada pela fragrância mística,
infelizmente por ENQUANTO para nós ainda se afigura numa saudade imensa.
IRACIRAN SOARES.
18 junho 2012
Teatro: Clara Luz !
Brasil - São Paulo - Fone: (0xx11) 2619 8569 -
O espetáculo “Clara Luz” do cantor Fabiano Medeiros é um tributo a uma das maiores intérpretes do nosso país, Clara Nunes. O show vem louvar não só a poesia, mas também a espiritualidade de Clara Nunes através das principais músicas que marcaram sua carreira. Fabiano traz algumas releituras e muitas homenagens aos grandes sambas imortalizados por Clara, como "O Mar Serenou", "Portela na Avenida", "Alvorada no Morro" e "Apesar de Você".
Novo musical
| Rio, 18 de junho de 2012
A história de Clara Nunes (1942-1983), a grande cantora, vai virar musical. É
um projeto da produtora paulista Dona Sinhá para celebrar os 70 anos de
nascimento de Clara, em agosto próximo. A empresa foi autorizada a captar R$
1.576.750,00 pela Lei Rouanet.
15 junho 2012
Veja quem descobriu Clara nos anos 60
Jadir Ambrósio
"Clara Nunes! Oh, que mulher importante, talentosa, uma guerreira do samba,
e
para a nossa sorte era mineira".
Mineiro de Vespasiano, ele nasceu em 8 de dezembro de 1922 e veio para a cidade onde passaria a vida inteira ainda menino, quando a família se mudou para Belo Horizonte em março de 1926. O endereço de Jadir Ambrósio, na esquina da Rua Clara Nunes, não é puro acaso. Na verdade, o batismo da rua foi sugestão dele, que insistiu muito com a Prefeitura. Até que, há poucos anos, Clara Nunes passou a ser o nome da rua.
"Eu
conheci a Clara Nunes quando ela chegou numa festa que eu fazia no adro da
igreja Santo Afonso, aqui no bairro. Ela era ainda quase uma criança, tinha uns
16 anos, e tinha vindo de Caetanópolis para trabalhar como operária na Fábrica
de Tecidos Renascença, que não existe mais. Aí eu soube que era vizinho dela.
Quando ela cantou foi um acontecimento, e depois a gente acabou ficando muito
amigo daquela moça tão talentosa. Fui eu quem a levou para as primeiras
participações nos programas de auditório. Foi assim que apareceu a Clara Nunes",
conta, emocionado.
Clara retribuiu a força que impulsionou sua carreira
como cantora gravando músicas de Jadir Ambrósio nos primeiros discos e depois,
quando estava no auge da fama, nas décadas de 1970 e 1980. "Clara gravou várias
de minhas composições. A que fez mais sucesso na voz dela foi 'Noites de
Farra'", recorda, cantarolando um trecho. Com Jadir Ambrósio, a música está
sempre presente para ver a vida com mais otimismo.
continua:
http://semioticas1.blogspot.com.br/2012/02/antigos-carnavais.html
13 junho 2012
João Nogueira ganha centro cultural no Rio de Janeiro
Diogo Nogueira inaugura Imperator-Centro Cultural João Nogueira
(mais detalhes no link :
http://oglobo.globo.com/blogs/blogdebamba/posts/2012/05/16/quer-saber-mais-sobre-centro-cultural-joao-nogueira-olha-aqui-445478.asp.
06 junho 2012
Vem aí o Festival 2012 -Clara Nunes
Breve traremos a programação do Festival Clara Nunes a ser realizado em Caetanópolis-MG, em agosto de 2012. No dia 12, aniversário de Clara será inaugurado oficialmente o Memorial Clara Nunes, com transmissão ao vivo pela Rádio Itatiaia , Programa Acyr Antão à partir das 09:00hs . No dia estará presente amigos, familiares, fãs, políticos e artistas que conviveram com a mineira homenageada todo ano pela sua cidade natal.
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